A REALIDADE É UM QUEBRA-CABEÇA UM POUCO MAIOR...

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sábado, 25 de novembro de 2017

CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO: QUEM É QUEM

Sunitas, xiitas e curdos; entenda quem é quem no mundo árabe - Terra Brasil

VEJA TAMBÉM NOSSO RESUMO DE HISTÓRIA

Conflitos no Oriente Médio

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Oriente Médio transformou-se em uma das regiões mais instáveis do mundo. Os conflitos ocorrem, na maioria das vezes, por fatores geoestratégicos, como o controle do petróleo, rivalidades locais e conflitos religiosos entre cristãos, judeus e muçulmanos xiitas e sunitas.

Conflito árabe israelense (1948-1949)

Por volta do século IX, comunidades judaicas foram restabelecidas em Jerusalém e Tibérias. No século XI, a população judaica crescia nas cidades de Rafah, Gaza, Ashkelon, Jaffa e Caesarea.
Durante o século XII, muitos judeus que viviam na Terra Prometida foram massacrados pelas Cruzadas, mas nos séculos seguintes, a imigração para a Terra de Israel continuou. Mais comunidades religiosas judaicas estavam se fixando em Jerusalém e em outras cidades.
Um dos pontos fundamentais da fé judaica é que todo o povo será liderado de volta à Terra de Israel e que o Templo Sagrado será restabelecido. Muitos judeus acreditam que o Messias, que será enviado por Deus, irá liderar o retorno de todo o povo judeu à Terra de Israel.
Contudo, muitos judeus acreditavam que eles próprios deveriam iniciar seu retorno à sua terra histórica. A idéia de estabelecer um estado judeu moderno começou a ganhar grande popularidade no século XIX na Europa. Um jornalista austríaco chamado Theodor Herzl levou adiante a idéia do sionismo, definido como o movimento nacional de libertação do povo judeu. O sionismo afirma que o povo judeu tem direito ao seu próprio estado, soberano e independente.
No final do século XIX, o aparecimento do anti-semitismo, o preconceito e ódio contra judeus, levaram ao surgimento de pogrons (massacres organizados de judeus) na Rússia e na Europa Oriental. Esta violência notória contra judeus europeus ocasionou imigrações maciças para a Terra de Israel. Em 1914, o número de imigrantes vindos da Rússia para a Terra de Israel já alcançava os 100.000. Simultaneamente, muitos judeus vindos do Iêmen, Marrocos, Iraque e Turquia imigraram para a Terra de Israel. Quando os judeus começaram, em 1882, a imigrar para seu antigo território em grande escala, viviam por lá menos de 250.000 árabes.
O povo judeu baseia suas reivindicações pela Terra de Israel em diversos fatores:
  1. A Terra de Israel foi prometida por Deus aos judeus. Esta é a antiga terra dos patriarcas e profetas bíblicos.
  2. Desde que os judeus foram exilados pelos romanos, a Terra de Israel nunca foi estabelecida como um estado.
  3. O estado de Israel foi criado pelas Nações Unidas em 1947. É um estado democrático, moderno e soberano.
  4. Toda a Terra de Israel foi comprada pelos judeus ou conquistada por Israel em guerras de defesa, após o país ter sido atacado por seus vizinhos árabes.
  5. Os árabes controlam 99.9% do território no Oriente Médio. Israel representa apenas um décimo de 1 % da região.
  6. A história demonstrou que a segurança do povo judeu apenas pode ser garantida através da existência de um estado judeu forte e soberano.
Em 1517, os turcos otomanos da Ásia Menor conquistaram a região e, com poucas interrupções, governaram Israel, então chamada de Palestina, até o inverno de 1917-18. O país foi dividido em diversos distritos, dentre eles, Jerusalém. A administração dos distritos foi cedida em grande parte aos árabes palestinos. As comunidades cristãs e judaicas, porém, receberam grande autonomia. A Palestina compartilhou a glória do Império Otomano durante o século XVI, mas foi negligenciada quando o império começou entrar em declínio no século XVII.
Em 1882, menos de 250.000 árabes viviam no local. Uma parte significante da Terra de Israel pertencia aos senhores, que viviam no Cairo, Damasco e Beirute. Por volta de 80% dos árabes palestinos eram camponeses, nômades ou beduínos.
Em 1917-18, com apoio dos árabes, os britânicos capturaram a Palestina dos turcos otomanos. Na época, os árabes palestinos não se imaginavam tendo uma identidade separada. Eles se consideravam parte de uma Síria árabe. O nacionalismo árabe palestino é, em grande parte, um fenômeno do pós Primeira Guerra Mundial.
Em 1921, o Secretário Colonial Winston Churchill separou quase quatro-quintos da Palestina – aproximadamente 35.000 milhas quadradas – para criar um emirado árabe, a Transjordânia, conhecida hoje como Jordânia. Este país, que é uma monarquia árabe, é em sua maioria composto por palestinos que hoje representam aproximadamente 70% da população.
Em 1939, os britânicos anunciaram o White Paper (Carta Branca), um documento relatando que um estado árabe independente e não dividido seria estabelecido na Terra de Israel (chamada de Palestina) dentro de 10 anos. O nacionalismo árabe cresceu com a promessa de um estado forte. Mas, como discutiremos futuramente, os britânicos não foram capazes de manter sua promessa aos árabes. Em vez disso, em 1947, as Nações Unidas decidiram dividir a Terra de Israel em dois estados: um judeu e outro árabe. Em 1948, foi criado o estado de Israel. Quando seus vizinhos árabes atacaram o novo estado judeu, teve início a primeira guerra árabe-israelense. Durante o estabelecimento do estado de Israel e durante a primeira guerra entre árabes e israelenses, mais da metade dos árabes que viviam na Terra de Israel fugiram, dando início ao problema ainda hoje vigente de refugiados palestinos, que discutiremos nos próximos artigos.
O povo palestino baseia suas reivindicações pela Terra de Israel em diversos fatores:
  1. Os árabes muçulmanos viveram no local por muitos anos.
  2. O povo palestino tem o direito à independência nacional e à soberania sobre a terra onde viveram.
  3. Jerusalém é a terceira cidade sagrada na religião muçulmana, local de elevação do profeta Maomé aos Céus.
  4. O Oriente Médio é dominado por árabes. Outras religiões ou nacionalidades não pertencem à região.
  5. Todos os territórios árabes que foram colonizados tornaram-se estados completamente independentes, exceto a Palestina.
  6. Os palestinos tornaram-se refugiados.
Guerra de Suez (1956)
Com o objetivo de garantir o acesso dos ocidentais (principalmente franceses e ingleses) ao comércio oriental, antes realizado pelo contorno do sul da África. O controle das operações realizadas no canal ficou sob o domínio inglês e continuou mesmo após a independência do Egito. No entanto, em 1952, um Golpe de Estado realizado pelo revolucionário Gamal Abdel Nasser pôs fim ao regime monárquico do rei Faruk. A liderança de Nasser no governo egípcio revelou uma política de caráter nacionalista, buscando a modernização do Estado por meio da reforma agrária, do desenvolvimento da indústria e de uma melhor distribuição de renda. A luta contra o Estado de Israel, entretanto, não deixou de ser alimentada.
Numa atitude de combate ao colonialismo anglo-francês, Abdel Nasser nacionalizou o Canal de Suez e proibiu a navegação de navios israelenses no local. A medida causou um grande impacto na Inglaterra, França e Israel que, então, iniciaram uma guerra contra o Egito. No desenrolar do conflito, os egípcios foram derrotados, mas os Estados Unidos e a União Soviética interferiram, obrigando os três países a retirarem-se dos territórios ocupados. Ao final, o Canal de Suez voltava, definitivamente, para o Egito, mas com o direito de navegação estendido a qualquer país.
A Guerra de Suez revelou uma nova referência para o contexto político da região: a cumplicidade de Israel com as potências imperialistas ocidentais. Tal constatação acentuou a ruptura entre árabes e judeus, abrindo precedentes para novos conflitos.

Guerra dos Seis Dias

A Guerra dos Seis Dias foi mais um desdobramento dos conflitos entre árabes e judeus. Ela recebeu esta denominação devido ao efetivo contra-ataque israelense à ofensiva árabe, promovido pelo Egito.
O presidente Nasser, buscando fortalecer o mundo árabe, tomou medidas importantes: deslocou forças árabes para a fronteira com Israel, exigiu a retirada de representantes militares da ONU mantida na região desde 1956, e ameaçou fechar a navegabilidade do Estreito de Tiran aos israelenses.
No entanto, a reação israelense a essas medidas foi rápida e decisiva: atacou o Egito, a Jordânia e a Síria, encerrando o conflito num curto espaço de tempo — 5 a 10 de junho (6 dias) de 1967. Israel dominava as forças aéreas e, por terra, contava com forças blindadas comandadas pelo general israelense Moshé Dayan. O resultado da guerra aumentou consideravelmente o estado de Israel: foram conquistadas áreas do Egito, Faixa de Gaza, Península de Sinai, região da Jordânia, a Cisjordânia, o setor oriental de Jerusalém, partes pertencentes à Síria e às Colônias de Golan.
A Guerra dos Seis Dias fortaleceu o Estado de Israel e agravou o nível de tensão entre os países beligerantes.

Acordo de Camp David

Com o cessar-fogo estabelecem-se as relações diplomáticas, iniciando-se um processo que é designado por paz americana. Iniciado em 1974/1975 com a metodologia dos pequenos passos de Henry Kissinger e, continuada pelo presidente Jimmy Carter em 1978/1979, ela visa, por parte dos E.U.A., a divisão do mundo árabe. A visita do presidente egípcio a Israel (1977) e os Acordos de Camp David (1978), que preparam um tratado de paz separado entre Isarel e o Egipto, concluído em 1979, constituem acontecimentos de relevo político na região. O presidente Sadate terá procurado nesta estratégia discutir a solução do problema palestino. Numa outra perspectiva, o tratado deveria atrair outros estados árabes, nomeadamente a Jordânia. A realidade posterior não viria a confirmar estas perspectivas, e os dirigentes israelitas prosseguirão até 1983 uma política assente na agressividade e na ocupação (os Montes Golan em 1980). Quanto às conversações sobre a autonomia dos Territórios Ocupados, previstas no Tratado de Paz entre o Egito e Israel, elas são praticamente ignorado continuando Israel a instalar colunatas na Cisjordânia.

Intifada

Como Arafat insistia em negociar uma solução para a Questão Palestina, houve uma dissidência dentro da Organização para a Libertação da Palestina e, em maio de 1983, as forças leais a Arafat começaram a enfrentar rebeldes chefiados por Abu Mussa.
Arafat, por sua vez, firmou novas alianças com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e com o Rei Hussein, da Jordânia, e se reelegeu presidente da OLP no ano seguinte.Em 1985, Yasser e Hussein fizeram uma oferta de paz a Israel, em troca de sua retirada dos territórios ocupados. Os judeus, além de rejeitarem a proposta, mantiveram o exército naquelas regiões.
Em 1987 explodiu uma rebelião popular em Gaza, cujo estopim foi o atropelamento e morte de quatro palestinos por um caminhão do exército israelense. Adolescentes, munidos de paus e pedras, enfrentaram, nas ruas, os soldados israelenses e o levante se alastrou. A repressão israelense foi brutal. Os soldados combatiam os paus e pedras com bombas de gás, tanques e balas de borracha.
Os resultados da Intifada foram vários espancamentos, detenções em massa e deportações. A ação judaica foi condenada pelo Conselho de Segurança da ONU, o que influenciou a opinião pública mundial a favor da OLP.
Como resultado da Intifada, as facções da OLP se uniram na intenção de criar um Estado palestino e, em novembro de 1988, o Conselho Nacional Palestino proclamou o Estado Independente da Palestina, ao mesmo tempo em que aceitava a existência de Israel. Além disso, o Conselho declarou sua rejeição ao terrorismo e pediu uma solução pacífica para o problema dos refugiados, aceitando, também, participar de uma conferência internacional de paz.

Guerra do Líbano

O território do Líbano viveu uma guerra civil a partir de 1958, causada pela disputa de poder entre grupos religiosos do país: os cristãos maronitas, os sunitas (muçulmanos que acreditam que o chefe de Estado deve ser eleito pelos representantes do Islã, são mais flexíveis que os xiitas), drusos, xiitas e cristãos ortodoxos. O poder, no Líbano, era estratificado. Os cargos de chefia eram ocupados pelos cristãos maronitas, o primeiro ministro era sunita e os cargos inferiores ficavam com os drusos, xiitas e ortodoxos. No entanto, os sucessivos conflitos na Palestina fizeram com que um grande número de palestinos se refugiasse no Líbano, descontrolando o modelo de poder adotado, já que os muçulmanos passaram a constituir a maioria no Líbano. A Síria rompeu sua aliança com a OLP e resolveu intervir no conflito ao lado dos cristãos maronitas. Durante a ocupação israelense aconteceram os massacres de Sabra e Chatila. Foi com o apoio norte-americano que o cristão maronita Amin Gemayel chegou ao poder em 1982.
Revoltados com a presença das tropas norte-americanas na região, o quartel-general da Marinha americana foi atacado em outubro de 1983 e causou a morte de 241 fuzileiros. O atentado e a pressão internacional fizeram com que os Estados Unidos retirassem suas tropas do Líbano em fevereiro de 1984. As tropas israelenses também foram retiradas do Líbano, o que enfraqueceu os cristãos.
Os drusos se aproveitaram desta situação, dominaram a região do Chuf, a leste de Beirute, e expulsaram as comunidades maronitas entre 1984 e 1985. De outro lado, o sírio Hafez Assad e seus partidários libaneses detonaram uma onda de atentados a bairros cristãos e tentavam assassinar os auxiliares do presidente Amin Gemayel, que resistiu e permaneceu no poder até 1988.
Desde então, o Líbano está tentando reconstruir sua economia e suas cidades. O país é tutelado pela Síria.

Conflito Irã Iraque

Começa em setembro de 1980 com a invasão do Irã e a destruição de Khorramshar, onde fica a refinaria de Abadã, por tropas iraquianas. O pretexto é o repúdio, pelo governo iraquiano, ao Acordo de Argel (1975), que define os limites dos dois países no Chatt-el-Arab, canal de acesso do Iraque ao golfo Pérsico.
O Iraque quer soberania completa sobre o canal e teme que o Irã sob Khomeini tente bloquear o transporte do petróleo iraquiano ao golfo Pérsico pelo canal. Khomeini havia sido expulso do Iraque em 1978, a pedido do xá Reza Pahlevi, e o presidente iraquiano, Saddam Hussein, dera apoio aos movimentos contra-revolucionários de Baktiar e do general Oveissi.
O novo regime iraniano apóia o separatismo dos curdos no norte do Iraque e convoca os xiitas iraquianos a rebelarem-se contra o governo sunita de Saddam. O Irã bloqueia o porto de Basra e ocupa a ilha de Majnun, no pântano de Hoelza, onde estão os principais poços petrolíferos do Iraque. Este bombardeia navios petroleiros no golfo, usa armas químicas proibidas e ataca alvos civis. Há pouco avanço nas frentes de luta, mas o conflito deixa 1 milhão de mortos ao terminar em 1988.

Guerra do Golfo

Conflito militar ocorrido inicialmente entre o Kuwait e o Iraque de 2 de agosto de 1990 a 27 de fevereiro de 1991, que acaba por envolver outros países. A crise começa quando o Iraque, liderado pelo presidente Saddam Hussein (1937-), invade o Kuwait. Como pretexto, o líder iraquiano acusa o Kuwait de provocar a baixa no preço do petróleo ao vender mais que a cota estabelecida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Hussein exige que o Kuwait perdoe a dívida de US$ 10 bilhões contraída pelo Iraque durante a guerra com o Irã (1980) e também cobra indenização de US$ 2,4 bilhões, alegando que os kuwaitianos extraíram petróleo de campos iraquianos na região fronteiriça de Rumaila. Estão ainda em jogo antigas questões de limites, como o controle dos portos de Bubiyan e Uarba, que dariam ao Iraque novo acesso ao Golfo Pérsico.
A invasão acontece apesar das tentativas de mediação da Arábia Saudita, do Egito e da Liga Árabe. As reações internacionais são imediatas. O Kuwait é grande produtor de petróleo e país estratégico para as economias industrializadas na região. Em 6 de agosto, a ONU impõe um boicote econômico ao Iraque. No dia 28, Hussein proclama a anexação do Kuwait como sua 19ª província. Aumenta a pressão norte-americana para a ONU autorizar o uso de força. Hussein tenta em vão unir os árabes em torno de sua causa ao vincular a retirada de tropas do Kuwait à criação de um Estado palestino. A Arábia Saudita torna-se base temporária para as forças dos EUA, do Reino Unido, da França, do Egito, da Síria e de países que formam a coalizão anti-Hussein. Fracassam as tentativas de solução diplomática, e, em 29 de novembro, a ONU autoriza o ataque contra o Iraque, caso seu Exército não se retire do Kuwait até 15 de janeiro de 1991. Em 16 de janeiro, as forças coligadas de 28 países liderados pelos EUA dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá, que se rende em 27 de fevereiro. Como parte do acordo de cessar-fogo, o Iraque permite a inspeção de suas instalações nucleares.
Conseqüências – O número estimado de mortos durante a guerra é de 100 mil soldados e 7 mil civis iraquianos, 30 mil kuwaitianos e 510 homens da coalizão. Após a rendição, o Iraque enfrenta problemas internos, como a rebelião dos curdos ao norte, dos xiitas ao sul e de facções rivais do partido oficial na capital. O Kuwait perde US$ 8,5 bilhões com a queda da produção petrolífera. Os poços de petróleo incendiados pelas tropas iraquianas em retirada do Kuwait e o óleo jogado no golfo provocam um grande desastre ambiental.
Tecnologia na guerra – A Guerra do Golfo introduz recursos tecnológicos sofisticados, tanto no campo bélico como em seu acompanhamento pelo resto do planeta. A TV transmite o ataque a Bagdá ao vivo, e informações instantâneas sobre o desenrolar da guerra espalham-se por todo o mundo. A propaganda norte-americana anuncia o emprego de ataques cirúrgicos, que conseguiriam acertar o alvo militar sem causar danos a civis próximos. Tanques e outros veículos blindados têm visores que enxergam no escuro graças a detectores de radiação infravermelha ou a sensores capazes de ampliar a luz das estrelas. Mas o maior destaque é o avião norte-americano F-117, o caça invisível, projetado para minimizar sua detecção pelo radar inimigo.

Momento jornalístico dos conflitos no Oriente Médio

1.ª Guerra Árabe-Israelense (1948-49) – Exércitos de cinco países árabes atacam Israel, que resiste e no final do conflito tem sob seu controle 70% da antiga Palestina britânica. A Jordânia ocupa a Cisjordânia e o setor oriental (árabe) de Jerusalém, controlando o acesso aos santuários da Cidade Velha. O Egito ocupa a Faixa de Gaza. Um milhão de palestinos se refugiaram em países árabes vizinhos.
Guerra dos 6 Dias (1967) – Diante de sinais repetidos de uma invasão sendo preparada no Egito, Síria e Jordânia, Israel lança um contra-ataque preventivo. Uma semana depois, conquista a Cisjordânia e Gaza e ainda ocupa as colinas de Golan (Síria) a Península do Sinai (Egito) até a margem do Canal de Suez. Jerusalém é unificada sob domínio israelense e depois anexada e proclamada capital “eterna e indivisível” de Israel, sob protestos internacionais. Com a derrota árabe, o líder guerrilheiro Yasser Arafat, do movimento Al-Fatah, assume o comando da OLP.
Guerra do Yom Kippur (1973) – No dia mais sagrado do calendário judaico, Síria e Egito atacam Israel, recuperando numa ofensiva fulminante os territórios que perderam em 67. A contra-ofensiva israelense restabelece a situação anterior.
Camp David – Em 78, Egito e Israel assinam em Camp David, nos EUA, um acordo de paz que permite a devolução do Sinai e inclui um plano de concessão de autonomia para os palestinos na Cisjordânia e Gaza sob ocupação israelense.
Invasão do Líbano (1982) – Determinado a afastar de sua fronteira norte os guerrilheiros palestinos que atacam do sul do Líbano, Israel invade o país vizinho e ocupa a capital, Beirute, forçando a retirada do comando da OLP para a Tunísia. Israel retira as tropas em 85 mas mantém uma faixa do sul do Líbano ocupada até maio de 2000.
Intifada (1987-93) – Uma rebelião explode na Cisjordânia e Gaza e jovens palestinos enfrentam diariamente (com pedras) as tropas israelenses. Centenas são mortos e a violência só arrefece depois da derrota do Iraque (apoiado pelos palestinos) na Guerra do Golfo (1991).
Por: AKSJ / TODAMATERIA

sábado, 11 de novembro de 2017

NOMES E HISTÓRIAS: BEBERIBE E SEUS DISTRITOS.

Beberibe, Sucatinga, Paripueira, Parajuru, Itapeim, Serra do Félix e Forquilha são distritos de de uma bela terra cheia de encantos e histórias. 

                                                                                      Por Onésimo Remígio

A primeira vez que publiquei partes deste texto foi no já distante ano de 1999. Naquele ano, estivemos à frente de 119 salas de aula de jovens e adultos e, para ajudarmos os trabalhos dos professores e alfabetizadores, os coordenadores e supervisores pedagógicos da Secretaria Municipal de Educação criavam apostilas, jogos, textos e estratégias que eram repassados em encontros mensais nas sedes dos distritos. Trabalho cansativo, porém gratificante. No caso, refiz partes deste e não esperem um texto extremamente técnico, pois não o é...

Difícil produzir uma história naquele período. Hoje, continua difícil, porém há uma plêiade de jovens beberibenses que estão reescrevendo a história da nossa terra. Tem amigos professores que são chamamos em nosso meio, como os Alexandres (o Grande, Gomes; o Pequeno, Rocha). Essa turma tem uma mestra que deu os primeiros passos na construção de uma historiografia local, a professora Soraia Colaço. Claro que não podemos esquecer dos escritos do Cônego Bessa, de Ana Facó, de J.J. Dourado, de Boanerges de Queiroz Facó e tantos outros.

Imagem relacionada
Histórico casarão do Sítio Lucas, em Beberibe, Ceará, Brasil. Foto da internet: site do Tripmondo

Como dizia, naquele ano publicamos o texto reproduzido logo abaixo, hoje ampliado. Este texto ainda se encontra no site da prefeitura de Beberibe, junto com outro pesquisado e produzido na mesma época: o nome dos distritos, conforme se encontra no site desde 2015/2016. Nos detemos na origem dos nomes o melhor possível, sem avançar em aspectos geográficos, demográficos ou afins, porque não é nosso objetivo. 

Para uma divisão enxuta e fora dos mapas tradicionais, basta dizer o seguinte quanto as grandes regiões do município: tabuleiro litorâneo, que compreende Beberibe, Sucatinga, Paripueira e Parajuru; várzeas do Piranji, que compreende o Itapeim e trechos dos distritos litorâneos e da Forquilha); e, serra seca e sertão, que conta com a Serra do Félix e Forquilha. 

Bela imagem do entardecer nas internacionais falésias do Morro Branco. Imagem do Google.


O NOME BEBERIBE


Quanto ao topônimo "Beberibe", de origem indígena, há controvérsias quanto ao significado do nome. Alguns apontam que o sentido é "no rio que vai e vem", derivada de bibi-r-y-be, isto é, rio "cuja perenidade de curso depende da maré", conforme registra Márlio Pelosi Falcão. Em outras palavras: lugar que junta água (por causa da/conforme a maré). Se pensarmos a região de Beberibe pelos seus aspectos geográficos, com seus rios, riachos, baixios e centenas de lagoas, nada mais certo que pensar "lugar que junta água". Mas, não é tão simples assim.

Vários autores, muitas opiniões. Luís Caldas Tibiriçá, por exemplo, diz que o topônimo vem de yabebiribe, derivado, por sua vez, de jabebyr-y-pe e significando "no rio das arraias". Outra opinião, a mais conhecida, vem de Paulino Nogueira que aponta "beberibe" como resultante de viba (= cana) e pype (= lugar onde), significando "lugar onde cresce a cana" e que seria, também, o nome "de uma frutinha comestível, da cor e tamanho do murici" (seria a ubaia?).

Silveira Bueno, por sua vez, aponta a origem em yabebiry, significando "rio empolado, onduloso". Já Eduardo Navarro, no seu Dicionário de tupi antigo, como L.C. Tibiriçá, aponta o topônimo "beberibe" como originado do termo tupi îabebyrype, que significa "no rio das arraias" (îabebyra, arraia + ‘y, rio + pe, em). 

Teodoro Fernandes Sampaio também corrobora esta última versão escrevendo yabebiry, donde yabebir (= arraia), por ya-pé-byra significando "o que tem a pele áspera ou pele de lixa", e y (= rio), mas também aponta a grafia bibiribe, "no rio que vai e vem", de bibi (= o que vai e vem), y (= rio), e pe ou be (= em).

O nome Beberibe pode ser uma referência às origens dos primeiros colonizadores da região, pois a capitania do Ceará passou muito tempo vinculada a Pernambuco. Beberibe é o nome de um rio que banha o Recife e dá nome a um bairro daquela metrópole e também foi o nome escolhido por Brasiliano Ferreira de Araújo para registrar as suas terras.


Rascunhos de Histórias.


A cidade de Beberibe está localizada nas terras das datas de sesmarias concedidas ao capitão Domingos Ferreira Chaves, Manuel Nogueira Cardoso, Sebastião Dias Freire e João Nóbrega pelo capitão-mor Tomás Cabral de Olival, a 16 de agosto de 1691.

Em 1875, de uma área doada para a construção da igreja, surgiria um povoado (naquela época já conhecido pelo atual nome), hoje sede do Município. Por certo tempo, segundo algumas fontes, Beberibe recebeu o nome de Vila Real em decorrência da riqueza oriunda da cana-de-açúcar.

Igreja matriz. Foto da internet: site do Tripomondo.

Parte do seu território era conhecido, antes da chegada do homem branco, pela denominação de Uruanda. Os indígenas, entre eles os potyguara e os jenipapo-kanyndé, que deram nome ao território foram logo aculturados, extintos ou simplesmente expulsos. Segundo o ex-prefeito Benedito Evaristo Pinheiro (já falecido), os últimos índios de Beberibe foram apresados na Lagoa Achada e levados para o aldeamento de (São Sebastião da) Paupina, Mecejana (Messejana), um bairro de Fortaleza.

Beberibe já foi distrito de Cascavel com o nome de Lucas (como distrito, foi suprimido em 7 de julho de 1835 e anexado ao então distrito cascavelense de Sucatinga). A sua primeira autonomia política veio em 5 de julho de 1892 (hoje comemorada como a data de criação do Município), sendo instalado em 18 de setembro de 1893. Tornou a ser distrito de Cascavel em 1920, voltando a ser reinstalado (autonomia) em 21 de outubro de 1926. Cinco anos depois, em 20 de maio de 1931, novamente foi reduzido à condição de distrito de Cascavel.

Foi restaurado como município em 22 de novembro de 1953 e instalado oficialmente a 25 de março de 1955. Nesta última autonomia conquistada merece destaque, dentre outros, o desembargador Boanerges de Queiroz Facó.


Sítio Lucas, Onde Nasceu Beberibe.


Sempre confessei meu carinho pela comunidade do Sítio Lucas. Talvez por conta da primeira vez que a vi, antes da fundação do bairro, mergulhada entre imensas árvores e um casarão de histórias.

No início do século XIX, Baltazar Ferreira do Vale mudou-se da cidade de Aquiraz, comprou o Sítio Lucas e passou a morar no casarão que ainda existe, na principal via de acesso à comunidade. O casarão passou por poucas mudanças ao longo dos séculos.

Um amigo de Baltazar, o senhor Pedro de Queiroz Lima, comprou o Sítio Bom Jardim, no caminho que hoje leva à comunidade dos Caetanos. As famílias desses dois amigos, juntas com muitas outras que mudaram para cá, incluindo as nossas, foram e ainda são importantes na a história de Beberibe.

Brasiliano Ferreira de Araújo, descendente de Baltazar, quando foi registrar suas terras escolheu batizá-las de Beberibe, termo que já devia ser usado para designar o lugar. No ano de 1875, foi doada uma área para a construção da igreja e entono dela surgiria o povoado.

O Sítio Lucas também é chamado de Bairro Antonio Queiroz, uma homenagem ao ex-prefeito que doou parte de suas terras para a construção de várias casas na comunidade. Até o final dos anos de 1980, quando uma pessoa ia até o Macapá, andava num caminho cercado por frondosas árvores, passava riacho na época das chuvas e andava numa estrada vicinal de areia. Havia, mesmo naqueles tempos, pouquíssimas casas e nenhum conjunto habitacional.


A lenda de Maria Calado.


A lenda de Maria Calado é tão forte no imaginário local que dá nome a principal avenida de acesso à cidade de Beberibe. Reza a lenda, mais ou menos o seguinte: segundo testemunhos dos antigos habitantes, pelos primeiros anos de 1700, houve um naufrágio de uma embarcação portuguesa e uma sobrevivente, com sua família, veio ter às costas beberibenses, precisamente na belíssima praia de Morro Branco (que assim toma para si a primazia da gênese de Beberibe).

Essa sobrevivente, dona Maria Calado, era fervorosa devota da Sagrada Família (o que explica a matriz e paróquia de Jesus, Maria e José), e fizera a promessa de que, chegando em terra com vida, mandaria levantar uma capela em honra aos santos de sua fé.

Diz-se que, após aportar no Morro Branco, "adquiriu terras que confinam com a meia légua do rio Piranji”, a norte-sul, e ainda “entre o rio Choró e a barra da lagoa do Uruaú”, a poente-nascente. “Ali fixou a residência e fez construir a capelinha de sua promessa...”.

Resultado de imagem para foto antiga do morro branco
Bela imagem da pria do Morro Branco. Imagem do Google.

Duas versões foram-me contadas. Dizia-se que a capela ficaria próxima da que hoje está diante do casarão do Sítio Lucas, o que parece pouco verossímil. Acho mais provável o que me foi contado por Benedito Evaristo Pinheiro: “A casa de Maria Calado ficava no mesmo lugar onde foi erguida a residência do Coronel Biá; na frente da sua casa ficava a capela e, por trás, o campo santo (cemitério) ”. Assim, em vez do Morro Branco ou do Sítio Lucas, a gênese de Beberibe estaria onde hoje fica o loteamento Planalto de Beberibe... Será?

Mais tarde, um dos chamados “moços do Lucas – Brasiliano Ferreira de Araújo, neto de Baltazar Ferreira, o dono do sítio Lucas, (...) levantou outra capela, sob o mesmo orago, em frente à sua casa de residência na cidade de Beberibe. Anos depois, o coronel Raimundo José Pereira Leite, homem rico de Cascavel, sobrinho e genro de Baltazar Ferreira do Vale, do sítio Lucas, fez uma grande reforma na capela, tornando-a uma Igreja Matriz”.



O Cônego Bessa.


O padre Francisco Ribeiro Bessa, o Cônego Bessa, tem sido esquecido na história recente de Beberibe. Sua importância repousa no seu trabalho para a criação do distrito de Beberibe, pela instalação de nossa freguesia e pela emancipação política do município.
Pertencente a um clã de políticos e sacerdotes, foi deputado provincial por quatro legislaturas e ajudou na independência política de cidades como Limoeiro do Norte, Cascavel e Beberibe. Por isso, ao citá-lo, o que nos importa foi a sua fama de fundador de paróquias e emancipador de cidades.

Em 1875, o Cônego Bessa veio morar no Lucas (Beberibe), então pertencente a Cascavel, após ser nomeado vigário coadjutor (substituto). O progresso da povoação do Lucas despertou nele o desejo de aqui ser uma freguesia autônoma, e passou a buscar apoio nas lideranças locais, mostrando-lhes as vantagens que teriam com a criação de uma paróquia independente de Cascavel e com a futura emancipação municipal.

Em janeiro de 1879, a localidade de Lucas tornou-se distrito e passou a se chamar Beberibe. Em 2 de agosto de 1883, Cascavel foi elevado à categoria de cidade com grande atuação do Cônego Bessa para que isso ocorresse. No dia 24 de novembro de 1883, foram criados, ao mesmo tempo, o distrito de Beberibe no município de Cascavel, e a paróquia de Beberibe, compreendendo a povoação de Beberibe, o distrito de Sucatinga e parte do distrito de Paripueira, que então pertencia a Aracati.

Em 21 de julho de 1885, Bessa recebeu a dignidade de cônego e foi nomeado padre da freguesia de Beberibe. Três anos depois ele abdicou desta paróquia, porém continuou exercendo o sacerdócio na capela de Nossa Senhora da Penha, em Paripueira, até quase a sua morte, em 1890. Dois anos depois, Beberibe encontraria a sua independência política.




OS DISTRITOS


A gênese dos distritos de Beberibe passa pela criação do primeiro município cearense, Aquiraz (13/2/1699). Daí, passa para Cascavel (5/5/1833) e, finalmente, Beberibe (5/7/1892). Sucatinga é o mais antigo dos distritos, superando em idade a própria sede municipal; Forquilha, o mais novo.

Uma possível organização dessa gênese seja esta:

Aquiraz 
        >Cascavel 
                    >Beberibe 
                               >Sucatinga (antes Mamoeiro)
                                 Beberibe (antes Lucas)
                                 Parajuru (antes Paripueira(s), Barrinha)
                                 Itapeim (antes Cruzeiro, Ingá)
                                 Paripueira (reinstalação; Barrinha, São Bernardo?)
                                 Serra do Félix
                                 Forquilha


DISTRITO DE SUCATINGA


O nome Sucatinga, conforme registra Márlio Pelosi Falcão, é de origem indígena, derivada de suca (= vomitar, sentir-se mal, mal estar) e tinga - ou tingab (= "fastioso", enjoativo, branco, brancura), significando, figurativamente, "sentir o cheiro", "tomar o faro" (da caça?). Pode ser, ainda, derivada de soó-catinga (caatinga?), cuja tradução é "catinga (caatinga) de bicho", catinga (caatinga) de caça", ou seja, campo ou mata de caça. Segundo Luís Caldas Tibiriçá, Sucatinga pode ser uma alteração de suassu-catinga, o "nome regional do veado catingueiro", mais uma vez ressaltando o local como propício à caça.

Já li, também, a versão de “mata dos jucás, mata do ipê branco” e até “socó branco” (socatinga). Não há subsídios para desenvolvê-los, no momento. Ainda estou a vasculhar Serraine, Pelosi, Paulino, Studart e outras fontes que possam embasar uma melhor explicação. Pessoalmente, gosto da versão "campo de caça".


Historicamente, o distrito de Sucatinga foi criado pela Câmara Municipal de Cascavel, em 18 de novembro de 1833. A povoação inicial chamava-se Mamoeiro e foi desmembrado de Aquiraz, naquele mesmo ano (1833), para formar o município de Cascavel. Pelo Decreto Estadual nº 448, de 20 de dezembro de 1938, parte do território do distrito de Sucatinga, juntamente com parte do Distrito de Cruzeiro (atual Itapeim), foi desmembrado para que fosse criado o Distrito de Paripueira. Seus limites foram redefinidos pela Lei Municipal 318/90.

Não vale a lenda popular do índio Tinga, que não queria trabalhar no pilão e mandavam, insistentemente: "Soca, Tinga! Soca, Tinga!".


DISTRITO DE PARIPUEIRA


O termo "paripueira" (ou no plural, "paripueiras") é uma palavra oriunda do tupi e, segundo Luís Caldas Tibiriçá, deriva de pari-puera, significando "antigo pesqueiro". Pode significar, ainda, "curral ou cercado velho", derivado de pari (= cercado, curral, cerca), mais quera (= que foi), ou ainda "canal velho" através da junção de pari (canal) e pûera (velho). Já Raimundo Costa Aragão aponta que o termo vem de pari (= jiqui), mais puera (= que já foi e não é mais).


Algumas considerações a fazer que podem ajudar no entendimento do significado do topônimo paripueira: jiqui/jequi/jequiá/juquiá deriva do tupi "iekeí" e é uma espécie de cesto de pesca, afunilado e oblongo (mais cumprido que largo), feito de taquaras flexíveis; por sua vez, pari (do tupi parí) é uma armadilha de pesca que consiste em uma parede feita de estacas, que atravessa o rio, ou outro curso d'água, de um barranco a outro, tendo ao meio uma abertura por onde os peixes atravessam e ficam retidos; ipueira é o charco formado pelo trasbordamento de um rio em lugares baixos, ou, no mesmo sentido, lugar (raso) em que se acumula água, um poço d'água (ou águas mansas - pari = águas, pueira = mansas); para ipueira, Silveira Bueno diz ser "rio que corria e já não corre", onde y = água e puera = que já foi e não é mais; e, ipu pode ser fonte, terreno úmido, várzeas ou vales por onde corre a água.


O distrito beberibense que leva este nome constava como pertencente a Aracati entre os anos 1848-1855, incluindo então a Barrinha (Parajuru). Inicialmente denominou-se Barrinha (decreto estadual nº 1156, de 04/12/1933), depois adotando o nome de São Bernardo (?), ao passar para Cascavel. Paripueiras foi, também, a denominação original do distrito de Parajuru, conforme a Lei nº 5, de outubro de 1937. Pelo decreto estadual nº 448, de 20 de dezembro de 1938, é criado o distrito de Paripueira (então pertencente a Cascavel), com terras desmembradas dos distritos de Sucatinga e Cruzeiro (Itapeim).

Em 22 de novembro de 1951, pela lei estadual nº 1153, Paripueira aparece entre os distritos desmembrados de Cascavel para formar o município de Beberibe, juntamente com os então distritos cascavelenses de Beberibe, Itapeim, Parajuru e Sucatinga. Paripueira tornou-se município em 9 de agosto de 1963, sendo extinto antes de ser instalado, em 14 de dezembro de 1965. Seus limites foram redefinidos pela Lei Municipal 318/90.


DISTRITO DE PARAJURU


O topônimo "parajuru" deriva de pará (= rio), mais juru (= boca), significando "boca (ou foz) do rio". Silveira Bueno diz que significa "rio dos jurus", onde pará significa rio e juru (ou yuru, ou aiurú) é o nome de "certo galiforme da família dos Fasianídeos", que apresenta certa dificuldade para demonstrar. Seria o uru-do-nordeste (Odontophorus capueira plumbeicollis), endêmico dos "brejos" de altitude do Nordeste brasileiro e hoje ameaçado de extinção? Mas existe uma ave psitacídea (Amazona farinosa), chamada juru, ou ainda jeru, ajuru (tem tribo amazônica com este nome), ajuruaçu, juruaçu e moleiro (papagaio-moleiro, daí alguém dizer juru ser "ave multicor" ou "bico").

Lagoa de Uruaú, divisa dos distritos de Beberibe e Sucatinga.


A história de Parajuru confunde-se com a de Paripueira e com os municípios de Aracati e Cascavel. Consta, às vezes, entre os distritos de Aracati no período 1849-1860. Em 1851 aparece como pertence a Cascavel, ano em que foi extinto. Em 1920 consta no Censo Demográfico como distrito de Aracati.

Pela lei nº 5, de de outubro de 1937, teve como nome original Paripueiras. Em 2 de agosto de 1929 passa a chamar-se Barrinha, por força da lei 2677, daquela data. Em 30 de dezembro de 1943, pelo decreto-lei estadual nº 1114, outra vez distrito de Cascavel, recebe o nome de Parajuru. Pela lei estadual nº 1153, de 22 de novembro de 1951, é desmembrado de Cascavel e passa a fazer parte do município de Beberibe, outra vez reinstalado.

Parajuru já foi município, criado em 21 de julho de 1963 e extinto em 14 de dezembro de 1965, antes de ser oficialmente instalado. Seus limites foram redefinidos pela Lei Municipal 318/90.

Imagem da arte das areias coloridas. Foto própria. Para saber mais sobre silicografia: http://emblogone.blogspot.com.br/2015/03/silicografia-arte-das-areias-coloridas.html

DISTRITO DE ITAPEIM


Escrever sobre distritos e quase sem prova documental é bastante difícil. Tomamos por base, muitas vezes, citações de historiadores, a memória popular e completamos com alguma tradição. Ainda existem registros. O Itapeim apresenta certos desafios.

Lembro duma mensagem (pelo Messenger) que passei para a maior historiadora viva de Beberibe, a professora Soraia Colaço. Foi no dia 14 de abril de 2016 e abordava uma dessas dificuldades: Estou com dificuldades para determinar a data de criação do distrito de Cruzeiro (Itapeim). Tentei Cascavel e a Câmara Municipal daqui. Nada. Falta a Assembleia Legislativa... Ou Aracati. Falam dos anos de 1850, mas o Cruzeiro começa a aparecer como distrito no século XX. Talvez a Lei Estadual 1.153, de 22/11/1951 ou 53... Pelo Decreto Estadual nº 1156 (04/12/1933), Cascavel adquiriu Beberibe, que fora extinto. Na divisão administrativa do ano de 1933, Cascavel já possui 9 distritos: Cascavel, Bananeiras, Barrinha, Beberibe, CRUZEIRO, Jacarecoara, Palmares, Pitombeiras e Sucatinga. ENTÃO, A CRIAÇÃO DO DISTRITO DE ITAPEIM DEVE TER OCORRIDO ENTRE 1911 E 1933.

A onda nacionalizante dos topônimos, durante o Estado Novo, atinge o Cruzeiro, doravante Itapeim. Seria fácil dizer que em tupi-guarani significa literalmente ¨a laje pequena¨ (“itapeí”). Ou simplesmente dizer que significa “caminho das pedras”, derivando de “itá” (pedra), mais “peií” (caminho estreito, batido). Mas, não é tão fácil assim. Márlio Pelosi Falcão diz que a composição “ita” (pedra), mais “pe” (em, no), mais “i” ou “y” (rio, água), mais o sufixo diminutivo “in” (im) significa “no rio das pedras pequenas” ou “o caminho das pedras”. Poderia, no final, ser uma contração de Itapemirim, localidade que fica na margem oposta do rio.

Itapemirim também pode ser explorado em seus significados. Tapemirim (ou tapemiry), teriam o mesmo significado de pequeno caminho (“t-apé” = caminho; “mirim”, ou “miry” = pequeno). Por outro lado, pode ser confundido com “tape” (aldeia) + “mirim” (pequena), ou seja, pequena aldeia. Só para comparação: itapema pode ser traduzida como de pedra rasa, lajeado; itapé, por sua vez, pode ser traduzido por “o caminho de pedra” ou “calçada” (“itá” + “apé”), “a pedra chata” ou “laje” (“itá” + “pe” (“peba”)), e o “caminho dentro d'água” (“i” + “t” + “apé” (“t-apé”)).

Na verdade, “ita” significa pedra e “itape” quer dizer laje. Quem andou, como eu, na região do Itapeim antes da construção da ponte lembra de como era o acesso, tanto lá quanto descendo o rio Piranji: as pedras (lajes) que afloravam permitiam uma passagem mais segura quando chegavam as primeiras chuvas. Se o “i” inicial for uma referência a água, o significado real será "pequeno caminho na água" (passagem) ou “pequeno caminho de água” (fio d’água entre o lajeado). Ou seja: “I”, ou “Y”, (água), mais “t-apé” (caminho, lajeado?), mais “in” ou “im”, a contração de mirim (?), significando pequeno.

Como foi dito acima, parte de seu território foi cedido para a recriação do distrito de Paripueira (20/12/1938). Já foi chamado de Ingá e de Cruzeiro, denominação que aparece nos registros do censo demográfico de 1920. Com o Decreto de nº 1114, de 30 de dezembro de 1943, passa a chamar-se de Itapeim. Já foi município, criado pela lei 6947, de 19 de dezembro de 1963, sendo extinto antes de ser instalado, pela lei 8339, de 14 de dezembro de 1965.

Segundo a memória local, no ano de 1887 a comunidade “era apenas um arraial com poucos moradores”. No ano seguinte, 1888, um “peregrino, que atendia pelo nome de Luiz”, ergueu uma cruz nas proximidades do rio Piranji. Com o tempo, a cruz serviu de referência e o lugar passou a ser chamado Cruzeiro. Dois grandes proprietários de terras na região, os irmãos Raimundo e Joaquim Ribeiro, se encarregaram de construir uma igreja com os esforços da comunidade, tendo como padroeiro São João Batista.




DISTRITO DE SERRA DO FÉLIX


O distrito de Serra do Félix, criado pela lei 11.384, de 18 de dezembro de 1987, nasceu das terras desmembradas do Itapeim e do Parajuru. Seus limites, como de outros distritos, foram redefinidos pela Lei Municipal 318/90. É uma localidade remota, cuja beleza sertaneja se revela única, rústica e misteriosa, com pessoas que dão boa acolhida e sorriso fácil, que dista 44 km da sede municipal.

Leva esse nome – Serra do Félix – por conta da sua principal vila estar situada numa serra seca e ter, entre seus desbravadores, o já lendário Félix Bernardo, “caçador de onça” que veio do Aracati para residir na localidade de Forquilha, e que hoje é considerado o descobridor oficial da serra.


Os primeiros povoadores moravam no Vale da Serra, comunidade próxima a atual sede do distrito. Depois, outras famílias, como os Morais, vindos dos lados de Russas pelos idos do século XIX, estabeleceram-se no local. Foi, aliás, um membro desta família, de nome Baltazar José da Cunha, que de fato fundou a localidade. Seu neto, Sabino Antonio, nos anos 30, construiu uma capela em frente da sua casa, o que fez desenvolver a atual vila.


DISTRITO DE FORQUILHA

Comemora-se como fundação do distrito Forquilha o dia 26 de setembro de 2005. Antes, a maior parte de seu território pertencia ao Parajuru. Localizada às margens da BR-304, a comunidade, embora ainda carente, vem crescendo em torno do caju e das suas escolas. Segundo os mais antigos moradores, a comunidade tem história secular, por volta de 400 anos. Historicamente, a comunidade de Forquilha está integrada aos municípios Russas e Aracati, o que explicaria tal antiguidade.

Sua história está em construção. É o mais novo dos sete distritos que formam o município de Beberibe e um dos que têm progredido continuamente, em especial nos últimos anos. Cercado pela agroindústria do caju, cortado pela BR-304 e pelo Canal do Trabalhador, o distrito de Forquilha tem o potencial necessário para atrair investimentos e tornar-se modelo de desenvolvimento.

Quanto a origem do nome, não consegui maiores resultados, embora em 1997 lembro de uma senhora falar sobre a origem dos primeiros habitantes e sobre uma forquilha que servia de referência para viajantes. Pode ser, porém minha memória não é mais a mesma e perdi a maior parte das anotações daquele período. Precisarei de ajuda ou voltar a campo para coletar tais informações.