Beberibe, Sucatinga, Paripueira, Parajuru,
Itapeim, Serra do Félix e Forquilha são distritos de de uma bela terra cheia de encantos e histórias.
Por Onésimo Remígio
A primeira vez que publiquei partes deste texto foi no já distante ano de 1999.
Naquele ano, estivemos à frente de 119 salas de aula de jovens e adultos e,
para ajudarmos os trabalhos dos professores e alfabetizadores, os coordenadores
e supervisores pedagógicos da Secretaria Municipal de Educação criavam
apostilas, jogos, textos e estratégias que eram repassados em encontros mensais
nas sedes dos distritos. Trabalho cansativo, porém gratificante. No caso, refiz
partes deste e não esperem um texto extremamente técnico, pois não o é...
Difícil produzir uma
história naquele período. Hoje, continua difícil, porém há uma plêiade de
jovens beberibenses que estão reescrevendo a história da nossa terra. Tem
amigos professores que são chamamos em nosso meio, como os Alexandres (o
Grande, Gomes; o Pequeno, Rocha). Essa turma tem uma mestra que deu os
primeiros passos na construção de uma historiografia local, a professora Soraia
Colaço. Claro que não podemos esquecer dos escritos do Cônego Bessa, de Ana Facó,
de J.J. Dourado, de Boanerges de Queiroz Facó e tantos outros.
Histórico casarão do Sítio Lucas, em Beberibe, Ceará, Brasil. Foto da internet: site do Tripmondo |
Como dizia, naquele ano publicamos o texto reproduzido logo abaixo, hoje ampliado. Este texto ainda se encontra no site da prefeitura de Beberibe, junto com outro pesquisado e produzido na mesma época: o nome dos distritos, conforme se encontra no site desde 2015/2016. Nos detemos na origem dos nomes o melhor possível, sem avançar em aspectos geográficos, demográficos ou afins, porque não é nosso objetivo.
Para uma divisão enxuta e fora dos mapas tradicionais, basta dizer o seguinte quanto as grandes regiões do município: tabuleiro litorâneo, que compreende Beberibe, Sucatinga, Paripueira e Parajuru; várzeas do Piranji, que compreende o Itapeim e trechos dos distritos litorâneos e da Forquilha); e, serra seca e sertão, que conta com a Serra do Félix e Forquilha.
Bela imagem do entardecer nas internacionais falésias do Morro Branco. Imagem do Google. |
O NOME BEBERIBE
Quanto ao topônimo
"Beberibe", de origem indígena, há controvérsias quanto ao
significado do nome. Alguns apontam que o sentido é "no rio que vai e
vem", derivada de bibi-r-y-be, isto é, rio "cuja perenidade de curso
depende da maré", conforme registra Márlio Pelosi Falcão. Em outras
palavras: lugar que junta água (por causa da/conforme a maré). Se pensarmos a
região de Beberibe pelos seus aspectos geográficos, com seus rios, riachos,
baixios e centenas de lagoas, nada mais certo que pensar "lugar que junta
água". Mas, não é tão simples assim.
Vários autores, muitas opiniões. Luís Caldas Tibiriçá, por exemplo, diz que o topônimo vem de yabebiribe, derivado, por sua vez, de jabebyr-y-pe e significando "no rio das arraias". Outra opinião, a mais conhecida, vem de Paulino Nogueira que aponta "beberibe" como resultante de viba (= cana) e pype (= lugar onde), significando "lugar onde cresce a cana" e que seria, também, o nome "de uma frutinha comestível, da cor e tamanho do murici" (seria a ubaia?).
Silveira Bueno, por sua vez,
aponta a origem em yabebiry, significando "rio empolado, onduloso".
Já Eduardo Navarro, no seu Dicionário de tupi antigo, como L.C. Tibiriçá,
aponta o topônimo "beberibe" como originado do termo tupi îabebyrype,
que significa "no rio das arraias" (îabebyra, arraia + ‘y, rio + pe,
em).
Teodoro Fernandes Sampaio também corrobora esta última versão escrevendo
yabebiry, donde yabebir (= arraia), por ya-pé-byra significando "o que tem
a pele áspera ou pele de lixa", e y (= rio), mas também aponta a grafia
bibiribe, "no rio que vai e vem", de bibi (= o que vai e vem), y (=
rio), e pe ou be (= em).
O nome Beberibe pode ser uma referência às origens dos primeiros colonizadores da região, pois a capitania do Ceará passou muito tempo vinculada a Pernambuco. Beberibe é o nome de um rio que banha o Recife e dá nome a um bairro daquela metrópole e também foi o nome escolhido por Brasiliano Ferreira de Araújo para registrar as suas terras.
Rascunhos de Histórias.
A cidade de Beberibe está
localizada nas terras das datas de sesmarias concedidas ao capitão Domingos
Ferreira Chaves, Manuel Nogueira Cardoso, Sebastião Dias Freire e João Nóbrega
pelo capitão-mor Tomás Cabral de Olival, a 16 de agosto de 1691.
Em 1875, de uma área doada
para a construção da igreja, surgiria um povoado (naquela época já conhecido
pelo atual nome), hoje sede do Município. Por certo tempo, segundo algumas
fontes, Beberibe recebeu o nome de Vila Real em decorrência da riqueza oriunda
da cana-de-açúcar.
Igreja matriz. Foto da internet: site do Tripomondo. |
Parte do seu território era conhecido, antes
da chegada do homem branco, pela denominação de Uruanda. Os indígenas, entre
eles os potyguara e os jenipapo-kanyndé, que deram nome ao território foram
logo aculturados, extintos ou simplesmente expulsos. Segundo o ex-prefeito
Benedito Evaristo Pinheiro (já falecido), os últimos índios de Beberibe foram
apresados na Lagoa Achada e levados para o aldeamento de (São Sebastião da)
Paupina, Mecejana (Messejana), um bairro de Fortaleza.
Beberibe já foi distrito de Cascavel com o nome de Lucas (como distrito, foi suprimido em 7 de julho de 1835 e anexado ao então distrito cascavelense de Sucatinga). A sua primeira autonomia política veio em 5 de julho de 1892 (hoje comemorada como a data de criação do Município), sendo instalado em 18 de setembro de 1893. Tornou a ser distrito de Cascavel em 1920, voltando a ser reinstalado (autonomia) em 21 de outubro de 1926. Cinco anos depois, em 20 de maio de 1931, novamente foi reduzido à condição de distrito de Cascavel.
Foi restaurado como
município em 22 de novembro de 1953 e instalado oficialmente a 25 de março de
1955. Nesta última autonomia conquistada merece destaque, dentre outros, o
desembargador Boanerges de Queiroz Facó.
Sítio Lucas, Onde Nasceu Beberibe.
Sempre confessei meu carinho
pela comunidade do Sítio Lucas. Talvez por conta da primeira vez que a vi,
antes da fundação do bairro, mergulhada entre imensas árvores e um casarão de
histórias.
No início do século XIX,
Baltazar Ferreira do Vale mudou-se da cidade de Aquiraz, comprou o Sítio Lucas
e passou a morar no casarão que ainda existe, na principal via de acesso à comunidade.
O casarão passou por poucas mudanças ao longo dos séculos.
Um amigo de Baltazar, o
senhor Pedro de Queiroz Lima, comprou o Sítio Bom Jardim, no caminho que hoje
leva à comunidade dos Caetanos. As famílias desses dois amigos, juntas com
muitas outras que mudaram para cá, incluindo as nossas, foram e ainda são
importantes na a história de Beberibe.
Brasiliano Ferreira de
Araújo, descendente de Baltazar, quando foi registrar suas terras escolheu
batizá-las de Beberibe, termo que já devia ser usado para designar o lugar. No
ano de 1875, foi doada uma área para a construção da igreja e entono dela
surgiria o povoado.
O Sítio Lucas também é
chamado de Bairro Antonio Queiroz, uma homenagem ao ex-prefeito que doou parte
de suas terras para a construção de várias casas na comunidade. Até o final dos
anos de 1980, quando uma pessoa ia até o Macapá, andava num caminho cercado por
frondosas árvores, passava riacho na época das chuvas e andava numa estrada
vicinal de areia. Havia, mesmo naqueles tempos, pouquíssimas casas e nenhum
conjunto habitacional.
A
lenda de Maria Calado.
A lenda de Maria Calado é
tão forte no imaginário local que dá nome a principal avenida de acesso à
cidade de Beberibe. Reza a lenda, mais ou menos o seguinte: segundo testemunhos
dos antigos habitantes, pelos primeiros anos de 1700, houve um naufrágio de uma
embarcação portuguesa e uma sobrevivente, com sua família, veio ter às costas
beberibenses, precisamente na belíssima praia de Morro Branco (que assim toma para
si a primazia da gênese de Beberibe).
Essa sobrevivente, dona
Maria Calado, era fervorosa devota da Sagrada Família (o que explica a matriz e
paróquia de Jesus, Maria e José), e fizera a promessa de que, chegando em terra
com vida, mandaria levantar uma capela em honra aos santos de sua fé.
Diz-se que, após aportar no
Morro Branco, "adquiriu terras que confinam com a meia légua do rio Piranji”, a norte-sul,
e ainda “entre o rio Choró e a barra da lagoa do Uruaú”, a poente-nascente. “Ali
fixou a residência e fez construir a capelinha de sua promessa...”.
Bela imagem da pria do Morro Branco. Imagem do Google. |
Duas versões foram-me contadas. Dizia-se que a capela ficaria próxima da que hoje está diante do
casarão do Sítio Lucas, o que parece pouco verossímil. Acho mais provável o que
me foi contado por Benedito Evaristo Pinheiro: “A casa de Maria Calado ficava
no mesmo lugar onde foi erguida a residência do Coronel Biá; na frente da sua casa
ficava a capela e, por trás, o campo santo (cemitério) ”. Assim, em vez do
Morro Branco ou do Sítio Lucas, a gênese de Beberibe estaria onde hoje fica o
loteamento Planalto de Beberibe... Será?
Mais tarde, um dos chamados “moços
do Lucas – Brasiliano Ferreira de Araújo, neto de Baltazar Ferreira, o dono do
sítio Lucas, (...) levantou outra capela, sob o mesmo orago, em frente à sua
casa de residência na cidade de Beberibe. Anos depois, o coronel Raimundo José
Pereira Leite, homem rico de Cascavel, sobrinho e genro de Baltazar Ferreira do
Vale, do sítio Lucas, fez uma grande reforma na capela, tornando-a uma Igreja
Matriz”.
O
Cônego Bessa.
O padre Francisco Ribeiro
Bessa, o Cônego Bessa, tem sido esquecido na história recente de Beberibe. Sua
importância repousa no seu trabalho para a criação do distrito de Beberibe,
pela instalação de nossa freguesia e pela emancipação política do município.
Pertencente a um clã de
políticos e sacerdotes, foi deputado provincial por quatro legislaturas e
ajudou na independência política de cidades como Limoeiro do Norte, Cascavel e
Beberibe. Por isso, ao citá-lo, o que nos importa foi a sua fama de fundador de
paróquias e emancipador de cidades.
Em 1875, o Cônego Bessa veio
morar no Lucas (Beberibe), então pertencente a Cascavel, após ser nomeado
vigário coadjutor (substituto). O progresso da povoação do Lucas despertou nele
o desejo de aqui ser uma freguesia autônoma, e passou a buscar apoio nas
lideranças locais, mostrando-lhes as vantagens que teriam com a criação de uma
paróquia independente de Cascavel e com a futura emancipação municipal.
Em janeiro de 1879, a
localidade de Lucas tornou-se distrito e passou a se chamar Beberibe. Em 2 de
agosto de 1883, Cascavel foi elevado à categoria de cidade com grande atuação
do Cônego Bessa para que isso ocorresse. No dia 24 de novembro de 1883, foram
criados, ao mesmo tempo, o distrito de Beberibe no município de Cascavel, e a
paróquia de Beberibe, compreendendo a povoação de Beberibe, o distrito de
Sucatinga e parte do distrito de Paripueira, que então pertencia a Aracati.
Em 21 de julho de 1885,
Bessa recebeu a dignidade de cônego e foi nomeado padre da freguesia de
Beberibe. Três anos depois ele abdicou desta paróquia, porém continuou
exercendo o sacerdócio na capela de Nossa Senhora da Penha, em Paripueira, até
quase a sua morte, em 1890. Dois anos depois, Beberibe encontraria a sua
independência política.
OS DISTRITOS
A gênese dos distritos de
Beberibe passa pela criação do primeiro município cearense, Aquiraz (13/2/1699).
Daí, passa para Cascavel (5/5/1833) e, finalmente, Beberibe (5/7/1892). Sucatinga
é o mais antigo dos distritos, superando em idade a própria sede municipal; Forquilha, o
mais novo.
Uma possível organização
dessa gênese seja esta:
Aquiraz
>Cascavel
>Beberibe
>Sucatinga (antes Mamoeiro)
>Cascavel
>Beberibe
>Sucatinga (antes Mamoeiro)
Beberibe (antes Lucas)
Parajuru (antes Paripueira(s), Barrinha)
Itapeim (antes Cruzeiro, Ingá)
Paripueira (reinstalação;
Barrinha, São Bernardo?)
Serra
do Félix
Forquilha
DISTRITO DE SUCATINGA
O nome Sucatinga, conforme
registra Márlio Pelosi Falcão, é de origem indígena, derivada de suca (=
vomitar, sentir-se mal, mal estar) e tinga - ou tingab (= "fastioso",
enjoativo, branco, brancura), significando, figurativamente, "sentir o
cheiro", "tomar o faro" (da caça?). Pode ser, ainda, derivada de
soó-catinga (caatinga?), cuja tradução é "catinga (caatinga) de
bicho", catinga (caatinga) de caça", ou seja, campo ou mata de caça.
Segundo Luís Caldas Tibiriçá, Sucatinga pode ser uma alteração de
suassu-catinga, o "nome regional do veado catingueiro", mais uma vez
ressaltando o local como propício à caça.
Já li, também, a versão de “mata
dos jucás, mata do ipê branco” e até “socó branco” (socatinga). Não há
subsídios para desenvolvê-los, no momento. Ainda estou a vasculhar Serraine,
Pelosi, Paulino, Studart e outras fontes que possam embasar uma melhor
explicação. Pessoalmente, gosto da versão "campo de caça".
Historicamente, o distrito
de Sucatinga foi criado pela Câmara Municipal de Cascavel, em 18 de novembro de
1833. A povoação inicial chamava-se Mamoeiro e foi desmembrado de Aquiraz,
naquele mesmo ano (1833), para formar o município de Cascavel. Pelo Decreto
Estadual nº 448, de 20 de dezembro de 1938, parte do território do distrito de
Sucatinga, juntamente com parte do Distrito de Cruzeiro (atual Itapeim), foi
desmembrado para que fosse criado o Distrito de Paripueira. Seus limites foram
redefinidos pela Lei Municipal 318/90.
Não vale a lenda popular do índio Tinga, que não queria trabalhar no pilão e mandavam, insistentemente: "Soca, Tinga! Soca, Tinga!".
DISTRITO DE PARIPUEIRA
O termo
"paripueira" (ou no plural, "paripueiras") é uma palavra
oriunda do tupi e, segundo Luís Caldas Tibiriçá, deriva de pari-puera,
significando "antigo pesqueiro". Pode significar, ainda, "curral
ou cercado velho", derivado de pari (= cercado, curral, cerca), mais quera
(= que foi), ou ainda "canal velho" através da junção de pari (canal)
e pûera (velho). Já Raimundo Costa Aragão aponta que o termo vem de pari (=
jiqui), mais puera (= que já foi e não é mais).
Algumas considerações a
fazer que podem ajudar no entendimento do significado do topônimo paripueira:
jiqui/jequi/jequiá/juquiá deriva do tupi "iekeí" e é uma espécie de
cesto de pesca, afunilado e oblongo (mais cumprido que largo), feito de
taquaras flexíveis; por sua vez, pari (do tupi parí) é uma armadilha de pesca
que consiste em uma parede feita de estacas, que atravessa o rio, ou outro
curso d'água, de um barranco a outro, tendo ao meio uma abertura por onde os
peixes atravessam e ficam retidos; ipueira é o charco formado pelo
trasbordamento de um rio em lugares baixos, ou, no mesmo sentido, lugar (raso)
em que se acumula água, um poço d'água (ou águas mansas - pari = águas, pueira
= mansas); para ipueira, Silveira Bueno diz ser "rio que corria e já não
corre", onde y = água e puera = que já foi e não é mais; e, ipu pode ser
fonte, terreno úmido, várzeas ou vales por onde corre a água.
O distrito beberibense que
leva este nome constava como pertencente a Aracati entre os anos 1848-1855,
incluindo então a Barrinha (Parajuru). Inicialmente denominou-se Barrinha
(decreto estadual nº 1156, de 04/12/1933), depois adotando o nome de São
Bernardo (?), ao passar para Cascavel. Paripueiras foi, também, a denominação
original do distrito de Parajuru, conforme a Lei nº 5, de outubro de 1937. Pelo
decreto estadual nº 448, de 20 de dezembro de 1938, é criado o distrito de
Paripueira (então pertencente a Cascavel), com terras desmembradas dos
distritos de Sucatinga e Cruzeiro (Itapeim).
Em 22 de novembro de 1951,
pela lei estadual nº 1153, Paripueira aparece entre os distritos desmembrados
de Cascavel para formar o município de Beberibe, juntamente com os então
distritos cascavelenses de Beberibe, Itapeim, Parajuru e Sucatinga. Paripueira
tornou-se município em 9 de agosto de 1963, sendo extinto antes de ser
instalado, em 14 de dezembro de 1965. Seus limites foram
redefinidos pela Lei Municipal 318/90.
DISTRITO DE PARAJURU
O topônimo
"parajuru" deriva de pará (= rio), mais juru (= boca), significando
"boca (ou foz) do rio". Silveira Bueno diz que significa "rio
dos jurus", onde pará significa rio e juru (ou yuru, ou aiurú) é o nome de
"certo galiforme da família dos Fasianídeos", que apresenta certa
dificuldade para demonstrar. Seria o uru-do-nordeste (Odontophorus capueira
plumbeicollis), endêmico dos "brejos" de altitude do Nordeste
brasileiro e hoje ameaçado de extinção? Mas existe uma ave psitacídea (Amazona
farinosa), chamada juru, ou ainda jeru, ajuru (tem tribo amazônica com este
nome), ajuruaçu, juruaçu e moleiro (papagaio-moleiro, daí alguém dizer juru ser
"ave multicor" ou "bico").
Lagoa de Uruaú, divisa dos distritos de Beberibe e Sucatinga. |
A história de Parajuru confunde-se com a de Paripueira e com os municípios de Aracati e Cascavel. Consta, às vezes, entre os distritos de Aracati no período 1849-1860. Em 1851 aparece como pertence a Cascavel, ano em que foi extinto. Em 1920 consta no Censo Demográfico como distrito de Aracati.
Pela lei nº 5, de de outubro
de 1937, teve como nome original Paripueiras. Em 2 de agosto de 1929 passa a
chamar-se Barrinha, por força da lei 2677, daquela data. Em 30 de dezembro de
1943, pelo decreto-lei estadual nº 1114, outra vez distrito de Cascavel, recebe
o nome de Parajuru. Pela lei estadual nº 1153, de 22 de novembro de 1951, é
desmembrado de Cascavel e passa a fazer parte do município de Beberibe, outra
vez reinstalado.
Parajuru já foi município,
criado em 21 de julho de 1963 e extinto em 14 de dezembro de 1965, antes de ser
oficialmente instalado. Seus limites foram redefinidos pela Lei Municipal
318/90.
Imagem da arte das areias coloridas. Foto própria. Para saber mais sobre silicografia: http://emblogone.blogspot.com.br/2015/03/silicografia-arte-das-areias-coloridas.html |
DISTRITO DE ITAPEIM
Escrever sobre distritos e
quase sem prova documental é bastante difícil. Tomamos por base, muitas vezes,
citações de historiadores, a memória popular e completamos com alguma tradição.
Ainda existem registros. O Itapeim apresenta certos desafios.
Lembro duma mensagem (pelo
Messenger) que passei para a maior historiadora viva de Beberibe, a professora
Soraia Colaço. Foi no dia 14 de abril de 2016 e abordava uma dessas dificuldades:
Estou com dificuldades para determinar a data
de criação do distrito de Cruzeiro (Itapeim). Tentei Cascavel e a Câmara
Municipal daqui. Nada. Falta a Assembleia Legislativa... Ou Aracati. Falam dos
anos de 1850, mas o Cruzeiro começa a aparecer como distrito no século XX. Talvez
a Lei Estadual 1.153, de 22/11/1951 ou 53... Pelo Decreto Estadual nº 1156
(04/12/1933), Cascavel adquiriu Beberibe, que fora extinto. Na divisão
administrativa do ano de 1933, Cascavel já possui 9 distritos: Cascavel,
Bananeiras, Barrinha, Beberibe, CRUZEIRO, Jacarecoara, Palmares, Pitombeiras e
Sucatinga. ENTÃO, A CRIAÇÃO DO DISTRITO DE ITAPEIM DEVE TER OCORRIDO ENTRE 1911
E 1933.
A onda nacionalizante dos
topônimos, durante o Estado Novo, atinge o Cruzeiro, doravante Itapeim. Seria
fácil dizer que em tupi-guarani significa literalmente ¨a laje pequena¨ (“itapeí”).
Ou simplesmente dizer que significa “caminho das pedras”, derivando de “itá”
(pedra), mais “peií” (caminho estreito, batido). Mas, não é tão fácil assim. Márlio
Pelosi Falcão diz que a composição “ita” (pedra), mais “pe” (em, no), mais “i”
ou “y” (rio, água), mais o sufixo diminutivo “in” (im) significa “no rio das
pedras pequenas” ou “o caminho das pedras”. Poderia, no final, ser uma
contração de Itapemirim, localidade que fica na margem oposta do rio.
Itapemirim também pode ser
explorado em seus significados. Tapemirim (ou tapemiry), teriam o mesmo
significado de pequeno caminho (“t-apé” = caminho; “mirim”, ou “miry” = pequeno).
Por outro lado, pode ser confundido com “tape” (aldeia) + “mirim” (pequena), ou
seja, pequena aldeia. Só para comparação: itapema pode ser traduzida como de
pedra rasa, lajeado; itapé, por sua vez, pode ser traduzido por “o caminho de
pedra” ou “calçada” (“itá” + “apé”), “a pedra chata” ou “laje” (“itá” + “pe” (“peba”)),
e o “caminho dentro d'água” (“i” + “t” + “apé” (“t-apé”)).
Na verdade, “ita” significa
pedra e “itape” quer dizer laje. Quem andou, como eu, na região do Itapeim
antes da construção da ponte lembra de como era o acesso, tanto lá quanto
descendo o rio Piranji: as pedras (lajes) que afloravam permitiam uma passagem
mais segura quando chegavam as primeiras chuvas. Se o “i” inicial for uma
referência a água, o significado real será "pequeno caminho na água"
(passagem) ou “pequeno caminho de água” (fio d’água entre o lajeado). Ou seja: “I”,
ou “Y”, (água), mais “t-apé” (caminho, lajeado?), mais “in” ou “im”, a contração
de mirim (?), significando pequeno.
Como foi dito acima, parte
de seu território foi cedido para a recriação do distrito de Paripueira (20/12/1938).
Já foi chamado de Ingá e de Cruzeiro, denominação que aparece nos registros do
censo demográfico de 1920. Com o Decreto de nº 1114, de 30 de dezembro de 1943,
passa a chamar-se de Itapeim. Já foi município, criado pela lei 6947, de 19 de
dezembro de 1963, sendo extinto antes de ser instalado, pela lei 8339, de 14 de
dezembro de 1965.
Segundo a memória local, no
ano de 1887 a comunidade “era apenas um arraial com poucos moradores”. No ano seguinte,
1888, um “peregrino, que atendia pelo nome de Luiz”, ergueu uma cruz nas
proximidades do rio Piranji. Com o tempo, a cruz serviu de referência e o lugar
passou a ser chamado Cruzeiro. Dois grandes proprietários de terras na região,
os irmãos Raimundo e Joaquim Ribeiro, se encarregaram de construir uma igreja
com os esforços da comunidade, tendo como padroeiro São João Batista.
DISTRITO DE SERRA DO FÉLIX
O distrito de Serra do
Félix, criado pela lei 11.384, de 18 de dezembro de 1987, nasceu das terras
desmembradas do Itapeim e do Parajuru. Seus limites, como de outros distritos,
foram redefinidos pela Lei Municipal 318/90. É uma localidade remota, cuja
beleza sertaneja se revela única, rústica e misteriosa, com pessoas que dão boa
acolhida e sorriso fácil, que dista 44 km da sede municipal.
Leva esse nome – Serra do
Félix – por conta da sua principal vila estar situada numa serra seca e ter,
entre seus desbravadores, o já lendário Félix Bernardo, “caçador de onça” que
veio do Aracati para residir na localidade de Forquilha, e que hoje é
considerado o descobridor oficial da serra.
Os primeiros povoadores
moravam no Vale da Serra, comunidade próxima a atual sede do distrito. Depois,
outras famílias, como os Morais, vindos dos lados de Russas pelos idos do século
XIX, estabeleceram-se no local. Foi, aliás, um membro desta família, de nome
Baltazar José da Cunha, que de fato fundou a localidade. Seu neto, Sabino
Antonio, nos anos 30, construiu uma capela em frente da sua casa, o que fez
desenvolver a atual vila.
DISTRITO DE FORQUILHA
Comemora-se como fundação do
distrito Forquilha o dia 26 de setembro de 2005. Antes, a maior parte de seu
território pertencia ao Parajuru. Localizada às margens da BR-304, a comunidade,
embora ainda carente, vem crescendo em torno do caju e das suas escolas. Segundo
os mais antigos moradores, a comunidade tem história secular, por volta de 400
anos. Historicamente, a comunidade de Forquilha está integrada aos municípios Russas
e Aracati, o que explicaria tal antiguidade.
Sua história está em
construção. É o mais novo dos sete distritos que formam o município de Beberibe
e um dos que têm progredido continuamente, em especial nos últimos anos.
Cercado pela agroindústria do caju, cortado pela BR-304 e pelo Canal do
Trabalhador, o distrito de Forquilha tem o potencial necessário para atrair
investimentos e tornar-se modelo de desenvolvimento.
Quanto a origem do nome, não
consegui maiores resultados, embora em 1997 lembro de uma senhora falar sobre a
origem dos primeiros habitantes e sobre uma forquilha que servia de referência
para viajantes. Pode ser, porém minha memória não é mais a mesma e perdi a
maior parte das anotações daquele período. Precisarei de ajuda ou voltar a
campo para coletar tais informações.
Algum hidtorico da localidade de Boqueirão do Cesário
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