A REALIDADE É UM QUEBRA-CABEÇA UM POUCO MAIOR...

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Blogue de assuntos variados: sociedade, cultura, história, atualidades...

quarta-feira, 11 de março de 2015

SILICOGRAFIA, A ARTE DAS AREIAS COLORIDAS






A silicografia faz as areias coloridas de Beberibe, no Ceará, viajarem o mundo.






Beberibe é um município marcante. De belezas inesquecíveis, é uma terra dourada pelo sol o no inteiro, com um mar verde-turquesa quente, convidativo e praias com um colorido muito especial. Tem pessoa que a visita e, quando parte, leva as boas lembranças da terra; porém uma maioria leva a recordação através da arte das areias coloridas, a silicografia.

Falésia multicolorida. Morro Branco, Beberibe, Ceará, Brasil.
Beberibe é a terra das areias coloridas, com mais de dez tons naturais adornando seus belos cartões postais, como as praias do Morro Branco, das Fontes e Barra da Sucatinga. No litoral beberibense não existe monotonia, pois as cores alegram e chamam para a felicidade.



A arte da silicografia é antiga. É típica do Oriente Médio e se encontra em pleno desenvolvimento nas praias da Costa Leste cearense. Para alguns profissionais, a arte das areias coloridas recebe dois outros nomes: "cericografia" (a impressão de imagens no interior de recipientes de vidro transparente, que tem como corruptela “siricografia”), e arenogravura, termo criado por um grupo de artesãos a partir das palavras “arenosa” e “gravura”, visando melhor denominar a sua arte (¹).




As “garrafinhas de areia colorida” parecem mostrar um outro mundo. Algo como o Parque Geológico Nacional Zhangye Danxia, na China (²) (³). Alguns alegam que a arte das areias coloridas ressurgiu na praia de Majorlândia, em Aracati/CE, e daí se expandiu para outras localidades costeiras do Nordeste brasileiro. Seja como for, em Beberibe a arte das areias coloridas encontrou mãos amantes nos artesãos que fazem o pó ganhar belas e fascinantes formas.

Geoparque Nacional Zhangye Danxia, China.

O motivo do encanto da silicografia está exposto nas cores quentes do labirinto das falésias do Morro Branco. Camada sobre camada, uma gradação se revela nos paredões do labirinto. Tantas nuances, somadas à habilidade do artesão, fazem das praias de Beberibe a Meca da arte com areias coloridas. Seja esta arte denominada silicografia, cericografia ou arenogravura a beleza é a mesma, sempre.







terça-feira, 3 de março de 2015

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

VENHAM VER, O SHOW VAI ACABAR...

VENHAM VER, O SHOW VAI ACABAR...


Governar o Brasil deve ser o maior dilema de todo aquele que se propõe ser presidente. Primeiro, porque ninguém governa sozinho; segundo, no Brasil o personalismo supera o partido político.  


O momento que o Brasil vive é histórico tanto quanto é encruzilhada. Sou professor de história e posso afirmar que sala de aula e vida se encaixam perfeitamente, pois é nela, na sala de aula, que o presente e o passado são apresentados como o teatro da vida.  

 E é verdade. A sala de aula é um teatro de onde vemos o grande palco do mundo, onde tudo é encenado. Acredito que o maior dilema que temos em relação ao teatro do mundo é não sabermos o que se passa nos seus bastidores. Sim, porque é lá, por trás das cortinas, que a verdadeira trama da vida acontece, com seus dramas, suas comédias, suas farsas e tudo o mais.

E olhando essa esquete teatral política que estamos vivenciando, dá para imaginar muita coisa que um dia será história. Mas sempre tem algo que não dá para mascarar, esconder, e quanto mais se enfeita, mas feio fica. Dou um exemplo a partir de uma manchete do jornal Folha de São Paulo, um dos mais importantes do Brasil, publicada no dia 29/09/2014: “Bolsa cai 4% com melhora de Dilma nas pesquisas; dólar sobe mais de 1%”. ( CLIQUE AQUI E LEIA! ).

A primeira coisa que se percebe é que a continuidade de Dilma parece afetar a economia – eu disse pa-re-ce. Mas, afeta QUEM, primeiramente. É aqui, a partir deste ponto, que podemos perceber que a política acontece nos bastidores e não nos palanques. Alguém, isto é, alguns, realmente estão sendo afetados pelo governo que aí está. Se é ligado a economia, penso logo nos banqueiros... Interessante, pois deviam agradecer aos governos Lula-Dilma o "ressurgimento" de uma classe média com certo poder de compra para movimentar o comércio. Embora alguém diga que é um mito, essa "nova classe" média é real nos centros comerciais, shoppings e outros centros de consumo espalhados pelo Brasil a fora. ( CLIQUE AQUI E LEIA! ).

E qual o interesse dos principais veículos de comunicação em bateram tanto nessa tecla, o medo da continuidade? São os bastidores, e se nem tudo é conhecido, muito é suspeitado. Tem um texto que parece responder parcialmente – ou totalmente – esta questão, cujo título é “Melancólico fim da revista “Veja”, de Mino a Barbosa”. ( CLIQUE AQUI E LEIA! )

Como funcionário público e trabalhador sindicalizado, tenho bastante consciência do meu voto e nenhum discurso “salvador da pátria” me engabela ou vai esconder da minha percepção as mazelas da “proposta” de governo que resolvi apoiar. Agora, incomoda essa ladainha de cada eleição, esse coro orquestrado pelos que detém a maior fatia da economia brasileira. São poderosos, e usam seu poder para dirigir o Brasil ao seu bel-prazer... ( CLIQUE AQUI E LEIA! )

A fórmula certa para governar o Brasil ainda está em formação. Somos um país jovem com uma democracia que acabou de nascer, talvez por isso ainda tão falha nalguns aspectos. Mas algo deve ser sempre lembrado: há um grupo riquíssimo – vamos chamá-lo de “elite” – que tem usufruído do Brasil, do seu povo e das suas riquezas e, dentro desse grupo, tem aqueles que de fato fazem a política acontecer através do poder econômico.

Governar o Brasil deve ser o maior dilema de todo aquele que se propõe ser presidente. Primeiro, porque ninguém governa sozinho; segundo, no Brasil o personalismo supera o partido político, e isso facilita e dificulta muita coisa – quase nada de ideologias e excesso de fisiologismo. Então, aqui, governar é muito “jogo de cintura” para fazer a coisa (pública) andar. ( CLIQUE AQUI E LEIA! )

O problema é o preço do “jogo de cintura”! O primeiro aliado de qualquer governo é o Legislativo. No caso que trato, é o Congresso Nacional. E ali, acredito, tem muito lobo e bode se passando por ovelha! É dentro do Congresso Nacional, junto aos líderes de partidos e bancadas, que ocorrerão as peripécias que hão de definir a governabilidade do país.

Também é no Congresso que a “elite” faz o seu peso ser sentido através dos seus deputados e senadores. Isso mesmo, a tal “elite” citada adora fazer investimento financeiro bem rentável. E para que coisa mais rentável do que um político defendendo os seus interesses? E aí começa o jogo de cintura que é governar o Brasil.

Por isso eu temo pacotes mirabolantes e propostas miraculosas, que talvez possam ser cumpridas, mas a qual custo, jeitinho ou “jogo de cintura”, como certa proposta de um "certo" candidato  – ele propõe pagarpara o jovem que voltar a estudar”. ( CLIQUE AQUI E LEIA! ).

Pode-se dizer que nesta eleição a “elite” tem dois representantes bem produzidos e maquiados. Um, saindo da maravilhosa terra das Minas Gerais – estado a quem o Brasil deve momentos históricos grandiosos e personagens marcantes – é legítimo produto da “elite” (produzido pega melhor), e traz no discurso aquilo que a “elite” quer que seja ouvido.

A outra representante – é uma mulher – recebeu a maquiagem perfeita dos banqueiros descontentes e da mídia ressabiada. Nada contra seu currículo de vida, a não ser ela ter jogado fora toda uma história de superação e ação política, satisfazendo o tal grupo – isto é, a “elite” – que a preparou como a surpresa que vai dar certo. De fato, caso venha a ser eleita, seu governo jamais será “meio-termo”: ou será a maior surpresa ou a maior decepção. Daí sua campanha estar “embiocando” no quesito credibilidade...

No mais, amigos meus, digo que votem. Vão às urnas. É um exercício que nos permite esta nossa democracia-criança, ainda tão serelepe, tão antagônica em si mesma e ao um só tempo intensa e desconhecida para uma boa parte dos brasileiros. Vale a pena votar por ela, pela democracia. É o melhor resposta ao ostracismo que a ditadura civil-militar quis dar à voz do povo.

Cada campanha é um show. Caso tenha dúvidas, procure assistir o horário eleitoral. A festa está chegando ao fim. O mais sério começa agora. E seja qual for o seu voto, eu digo: Venha ver, o show vai acabar, mas vamos lembrar a eles que a plateia é quem aplaude e diz se a peça deve continuar. Boas eleições para você! E, antes que alguém pergunte, eu voto em Dilma por uma opção pessoal e consciente.














quinta-feira, 24 de julho de 2014

O QUE A JUVENTUDE QUER.










O  QUE  A  JUVENTUDE  QUER.


Onésimo Remígio



Sobre estereótipos e algo mais.

Quem já não ouviu, ou disse, frases como estas: “a mocidade hoje não quer nada”, “a juventude de hoje está perdida”, “no meu tempo era diferente”. Criou-se com isso um estereótipo, anacrônico e preconceituoso, sobre as crianças e adolescentes de hoje. E sempre tem sido assim: uma geração espelha-se em si mesma para avaloar e questionar os valores atuais de outra. E isto é estereótipo, um clichê usado de modo uniforme a todos os indivíduos de uma sociedade ou grupo, apesar das suas diferenças; é um anacronismo, pois atribui aos dias atuais um sentimento e costume que são de outra época; é preconceituoso, pois é um rótulo, um juízo de valor formado antecipadamente e sem fundamento sério.
 
As pessoas “esquecem” com facilidade que a História é a justaposição e intersecção de gerações, culturas e sociedades. Quem sempre acha que o passado do Brasil é melhor que o presente, com certeza esqueceu as melhorias de hoje e os dissabores de antes. Quer exemplo? Acessibilidade à educação: antes a escola pública era um privilégio de poucos e, se havia uma melhor qualidade, tinha também um funil que limitava a ascensão social da maioria através do estudo. Para muitos, o grande nó da educação nos dias atuais é a qualidade, mas convém lembrar que para avaliar a qualidade do ensino e da aprendizagem nas escolas brasileiras vários processos e contextos devem ser listados, desde a municipalização dos anos 90 até o arbítrio imposto pelas avaliações externas.








Uma geração que tudo quer, desprotegida...




Talvez a juventude de hoje não queira nada porque ela quer tudo mais intensamente e rápido que as gerações anteriores, além de viver suas relações e emoções com mais liberdade e conhecimento. E quanto a esta geração de rapazes e moças dos anos 80 e 90 encontrar-se perdida, ela está tão perdida quanto aquela dos hippies, do rock-and-roll e da resistência armada à ditadura civil-militar, a geração que os antecede e que moldou o mundo em que vivemos. Como ela pode estar perdida tendo acesso a tanta informação, a tanto controle, a tantos meios e possibilidades?



O potencial desta nova geração que vem dos anos 80 e 90 é incrível e, contrariando todos os prognósticos, ela tende a se envolver na discussão dos problemas sociais e suas soluções. Para esta mocidade, o futuro é o agora.  Ela representa 20% da população brasileira e não quer esperar para depois mudanças básicas e estruturais na sociedade brasileira, daí porque as ruas de muitas cidades viraram caldeirões de protestos recentemente. Mesmo com todos os avanços conseguidos pelos últimos governos, a juventude que aí está 
compreendeu rapidamente que as necessidades básicas não supridas a deixa desprotegida, não perdida. Perdido estará qualquer governo que não sintonizar suas ações com os gritos das ruas e os resultados das urnas.





Questões sociais e preconceitos.


Na maioria das vezes, os rótulos que são apresentados sobre a juventude esconde as questões sociais que geraram os problemas em que a mesma vive. Um triste exemplo é como as diferentes mídias tratam os jovens infratores: o alvo é o Estatuto da Criança e do Adolescente, isso por conta dos diversos “crimes perpetrados por adolescentes”. Crimes devem ser punidos conforme a legislação vigente ou que se criem ou mudem as leis existentes para resolver a discussão em torno do jovem infrator. Mas o que merece mais atenção são as questões sociais que geram e reproduzem a violência.







Mais importante do que que questionar o ECA é apontar a falta de políticas públicas sérias de segurança, saúde, educação, cultura, lazer, inclusão social, combate às drogas, seguridade social, trabalho, emprego e renda. Prender, mandar para presídios e “reformatórios” não têm solucionado o círculo vicioso que reproduz violência e impunidade. Pelo contrário, muitas ações apenas reforçam falsas verdades. Do modo que é apresentado por alguns canais de comunicação, alguns preconceitos persistem no inconsciente coletivo: quem mora na favela é drogado, negro é bandido ou subempregado, índio é preguiçoso e covarde e jovem é incompetente para escolher presidente.






Os medos e a dura realidade.




Segundo a cientista social Regina Novaes (NOVAES, 2005), a geração jovem atual tem três características: o medo de morrer, referindo-se ao alto número de jovens vítimas da violência letal, principalmente a população jovem negra e masculina; o medo de sobrar, por causa dos índices de exclusão social e econômica a que os jovens se encontram submetidos em nossa sociedade, em especial no que tange à questão do desemprego e à marginalização social; e o medo de ficar desconectado, referindo-se ao risco de não pertencimento aos grupos sociais nos quais convive”.





Segundo ela, em entrevista ao blogue Acesso (www.blogacesso.com.br), as demandas das juventude são diversificadas “já que entre eles há diferenças e desigualdades sociais”. Ela informa que os “jovens do campo sofrem as maiores dificuldades para ter acesso à educação e ao lazer. Entre os mais pobres, os negros e as mulheres, estão as maiores ameaças do desemprego. Dentre os jovens negros do sexo masculino destacam-se os índices de mortes violentas. Jovens homossexuais sofrem preconceito e discriminação. Jovens portadores de deficiências veem bloqueados seus acessos à cidadania”.




Ela diz que “ao preconceito e à discriminação de classe, gênero e cor adiciona-se ainda o preconceito e a discriminação por endereço” – mais um adicional para a prática do bullying, tão recorrente nas escolas, locais de trabalho e entre certos grupos sociais. Continuando, explica que isso ocorre “porque pelo Brasil afora há favelas, conjuntos habitacionais, periferias que expõem particularmente os jovens à violência e à corrupção dos traficantes e da polícia. Apenas por morar nessas áreas pobres e violentas, os jovens tornam-se suspeitos e criminosos em potencial”.




Para a Regina Novaes, “a juventude brasileira espelha a sociedade brasileira e, em tempos de globalização, é afetada por rápidas mudanças tecnológicas, pelo sentimento de insegurança e pela dificuldade de projetar o futuro”. Essa dura realidade não poupa ninguém, “todos – dos mais ricos aos mais pobres, no campo e na cidade – são atingidos pela dinâmica do mundo do trabalho restritivo e mutante. Além disso – paradoxalmente –, em um mundo em que a ciência avança e proporciona maior expectativa de vida, todos experimentam o medo da morte precoce e violenta...”.









O que a juventude deseja...


A história parece ter flashbacks que dão ideia de repetição, de déjà vu, aquela sensação de ter visto ou vivido alguma coisa anteriormente. Pois a história tem dessas armadilhas, e elas são significantes. Quando se estuda a História do Brasil e se fala da Primeira República, também chamada de Oligárquica ou Velha, tem um movimento que bateu de frente com padrões e valores da sociedade paulistana daquela época: a Semana de Arte Moderna, que preconizava, pelos anos à fora, um vendaval de mudanças na cultura, nas artes e no modo do brasileiro ver o Brasil e o mundo. Pode-se concluir que o movimento modernista brasileiro, um tanto tardio, balançou os alicerces da sociedade a partir do momento que se tornou iconoclasta dos “valores culturais” então vigentes. Era um pensamento novo, com muitos jovens, produzindo alterações. O tempo força mudanças, sempre, mesmo que venham a parecer retrocessos, pois o ser humano é tão mutável quanto o caminho das águas, o rio: a água continua em substância a mesma, mas o leito por onde escorreu jamais tornará ao que era antes, mesmo continuando terra, pedregulhos, argila.







O que a juventude quer, no resumo, é respeito, seriedade, oportunidade, vez, voz e tudo o mais que as gerações anteriores queriam. Muito das artes que produzem e se envolvem tem engajamento social ou político, tem conotação do seu cotidiano e é algo importante na estrutura de construção de novos espaços pessoais e sociais. Essas artes, seja grafite, pintura, dança, moda, letra de música, teatro, são como marcos, como estamentos que estão revolucionando as culturas, as sociedades, a civilização.






Junte-se a isso a internet, o uso e o acesso às várias mídias e tecnologias da informação. Embora não seja unanimidade tal pensamento, nunca houve tantos autores e consumidores da palavra escrita como hoje, e isso graças às redes sociais. Não entrando no mérito do “internetês” usado, a juventude está ligada, criando, digitando, reproduzindo, expressando opiniões, reinventando os idiomas e estilos, abrindo novos meios de pertencimento. E com isso, também as ilhas periféricas e rurais serão alcançadas, envolvidas pelas mudanças que esta juventude de hoje traz. Apenas seguem os passos de muitos outros que a antecedeu. E, talvez, o que a juventude hoje realmente queira é viver o seu tempo, mesmo que isso implique cometer erros, desbravar novas oportunidades, impor novos conceitos e envelhecer de um jeito mais jovem de ser.       



CURTA O CD "DESORIENTADO" (download), DO GRUPO DE RAP ORIENTE - Texto (reportagem) sobre o grupo Oriente e espaço para vaixar o Cd.