Onésimo Remígio
O que tratá Trump e sua trupe?
Por que parei para ouvir e comentar política americana? Porque a política americana mete o bedelho em tudo, inclusive em assuntos internos do Brasil. E a eleição de DT (Donald Trump) faz a gente se questionar sobre o que vem por aí pois, para o bem ou para o mal, o que ocorre no Império tem efeitos globais. Politicamente, o ator da campanha eleitoral foi engolido pelo personagem criado: Trump é, antes de tudo, um produto bem vendido que agora deve enfrentar o que pregou contra toda uma tradição política norte-americana.
Trump senta a vara na OTAN enquanto a política externa dos
Estados Unidos se baseia em acordos institucionais de longa duração. Ele é um
crítico contundente das Nações Unidas (e na corrida presidencial deixou isso
bem claro!), enquanto os Estados Unidos se valem, apoiam e agem através de
organismos internacionais (sempre que podem!).
Em campanha, ele defendeu o aumento do protecionismo à
indústria, ao comércio e ao agronegócio norte-americanos enquanto, por outro
lado, os Estados Unidos ajudaram a impor uma ordem internacional favorável ao
livre comércio. Em reunião com Obama, ele afirmou “que os acordos comerciais
trazem prejuízos ao país e às empresas americanas”.
O mais obsceno: Trump afirma que o direito internacional
limita as ações dos Estados Unidos, porém os governos norte-americanos (em seus
discursos) defendem o mesmo como mediador da relação entre os países. Mais
obsceno ainda: suas ideias de política externa partem do umbigo norte-americano
e para ele se voltam, propondo um perigoso discurso de isolamento unilateral (será?).
Trump vem aí. Talvez seja o oposto da fada madrinha com varinha de condão. O que podia ser um mero espetáculo de um homem polêmico tornou-se assunto sério para empresas de marketing e expectativa para os demais governantes do planeta. Por quê? Porque o Lobo Mau de conteúdo duvidoso devorou a Chapeuzinho Vermelho que teria mais qualidade para governar e, porque, afinal, governar o pais mais poderoso da atualidade não é um mero reality show... Ou será?
O que saíra desta caixa-preta se o homem Trump, no momento um misto de ogro e príncipe encantado (?), foi a resposta da América conservadora para um mundo que enfrenta uma onda de conflitos de radicalidades e intolerâncias? Trump não é Reagan, não é Bush, então que doutrina ele trará? Não falaremos de guerrilhas, inimigo número um, democratas, liberais, mercado financeiro e tudo/todo o mais porque a caixa-preta não foi aberta. Ou já está?
A mídia norte-americana (Dédalo) deu asas de cera ao seu Ícaro (Trump) que, espera-se, não teime em voar na direção ao Sol. A caixa-preta é aberta quando a aeronave cai. E parece que os Estados Unidos caíram naquilo que nós, brasileiros, denominamos "conto do vigário". Ou, numa referência aos mitos clássicos, ouviram o canto da sereia e então...
Em relação ao Brasil, as palavras do magnata não são das
melhores. Ele já afirmou que vai recuperar os empregos que China, Japão, Índia
e Brasil roubaram dos americanos. Seu discurso atraiu todo tipo de eleitor,
especialmente o branco, o xenófobo, o fundamentalista, o desempregado, a classe
média arruinada e os grandes industriais e investidores. Veremos o que, de
fato, trará Trump e a sua trupe...
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