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domingo, 7 de janeiro de 2018

1968, O ANO SEM FIM


O ano de 1968



POR EMERSON SANTIAGO

        





A década de 60 do século XX é considerada como um período de transformações sociais e políticas, uma época de contestação, que partia em geral da parcela jovem de várias nações, entre estas, algumas das mais importantes economias mundiais. Em meio a toda a onda de mudanças do período destaca-se o ano de 1968, marcado pela rebeldia dos estudantes na Europa e nos Estados Unidos, e que teve reflexo também na juventude brasileira.

As convenções sociais mudavam rapidamente: a cultura jovem se tornava preponderante, capitaneada pelos heróis da música rock, que por sua vez eram inspirados pela música dos negros norte-americanos. O próprio negro, aliás, repensava o seu espaço na sociedade dos EUA, graças ao movimento dos direitos civis e a independência da maioria dos países africanos; homossexuais e mulheres também começavam a se organizar por uma maior aceitação; a minissaia escandalizava os setores mais conservadores; a cultura hippie emergia como um desdobramento moderno do movimento beatnik; nos países escandinavos, pela primeira vez eram produzidos filmes e revistas de sexo explícito, e as drogaseram seriamente discutidas como um veículo para atingir novas dimensões psíquicas.

Nos EUA, os estudantes ocupavam os campi de universidades como Berkeley, na Califórnia, além das ruas de cidades como Washington, Nova York e São Francisco, protestando contra o conservadorismo na política interna, as justificativas para a sangrenta guerra travada no distante Vietnã, além dos assassinatos de duas figuras progressistas importantes, o prêmio Nobel e defensor dos direitos civis, pastor Martin Luther King e o candidato democrata à presidência dos EUA e irmão do falecido presidente Kennedy, Robert.

Na França, o movimento ficou conhecido como Maio de 1968 e começou com a exigência de dormitório misto nas universidades, acabando por se tornar um grande protesto que enfraqueceria o governo conservador do general Charles de Gaulle.

No Leste europeu, a Checoslováquia parecia se desgarrar da dominação soviética, com sua liderança progressista. Moscou logo reagiria, enviando seus tanques, como fizera 12 anos antes na Hungria, suprimindo o movimento de abertura que ia tomando corpo. A Primavera de Praga foi outro movimento de rebeldia importante daquele ano, preconizando a queda do sistema socialista na Europa em 1989.

No Brasil, os protestos começam com a morte do estudante Edson Luís, assassinado pela Polícia Militar do Rio. Em resposta, é organizada a Passeata dos Cem Mil, contra a repressão que crescia quatro anos depois do golpe militar de 1964. Descontentes com os rumos do regime militar, as revoltas populares arquitetadas pelos estudantes tomavam as ruas, e ao mesmo tempo, a “revolução armada” ganhava corpo entre os jovens rebeldes.

Há uma dificuldade em interpretar os acontecimentos daquele ano, tanto pela múltipla potencialidade do movimento quanto pela ambiguidade do seu resultado final. A mistura de festa saturnal romana com combates de rua entre estudantes, operários e policiais, fez com que alguns o vissem como “uma revolta comunitária” enquanto que para outros era “a reivindicação de um novo individualismo”. O próprio filósofo Jean-Paul Sartre, testemunha ocular dos acontecimentos confessou, dois anos depois, que “ainda estava pensando no que havia acontecido e que não tinha compreendido tudo muito bem...".


Bibliografia:
SCHILLING, Voltaire. 1968 - A Revolução Inesperada. Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/1968.htm >. Acesso: 07/04/13.
1968 - O ano das transformações. Disponível em: < http://www.tribunacampineira.com.br/cultura/291-1968-o-ano-das-transformacoes >. Acesso: 07/04/13.

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